Palestra realizada no Centro Espírita Chico Xavier na cidade de Bananeiras - Paraíba.
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sexta-feira, 8 de junho de 2018
sexta-feira, 1 de junho de 2018
O Poder da Escolha
Não é possível a existência de qualquer forma de espiritualidade sem a convicção de que somos seres livres e dotados do poder da escolha. O livre-arbítrio tem sido sistematicamente atacado pelo pensamento materialista que qualifica nossas vontades como efeito e não como causa. Nessa perspectiva, os nossos pensamentos e nossas vontades são mera consequência de fatores biológicos e/ou socioculturais, dependendo da perspectiva materialista, valoriza-se mais um ou outro aspecto, mas, em todos os casos acredita-se que somos determinados apenas por fatores alheios a nossa vontade e que isso que chamamos de vontade é apenas o produto da interação entre esses fatores materiais.
O ponto de
vista materialista tem como consequência eliminar a responsabilidade do
indivíduo sobre suas escolhas, pois não sendo possuidores de um livre-arbítrio
real, qualquer coisa que façamos é consequência de fatores alheios a nossa
vontade e, portanto não podemos ser responsabilizados por nada. Não é preciso
dizer que essa perspectiva é muito problemática e insustentável. Como pode
existir uma sociedade onde as pessoas não são responsabilizadas individualmente
por suas escolhas? E caso elas sejam punidas ou recompensadas, onde estaria a
justiça nisso, uma vez que não foi por conta própria que agiram?
Porém, a
humanidade traz em si a intuição de que somos dotados do poder da escolha e
orienta-se a partir desse pressuposto apesar das doutrinas científicas que afirmam
o contrário. Temos essa intuição mesmo nas situações simples da vida, quando
escolhemos entre o amarelo ou o azul, entre dar dois ou dez passos, ou decidir o
caminho da direita ou da esquerda. Porém, é preciso entender que a perspectiva
espiritualista não ignora as influências materiais que sofremos, ao contrário,
reconhece-as como o grande desafio que é simbolicamente representado como o
embate entre espírito e matéria, bem e mal, desejo e vontade. Sim, somos
influenciados pelo meio e constantemente nos permitimos levar por essas
influências, porém, a escolha raramente deixa de existir.
Certamente as
pessoas privadas de sua liberdade e que são obrigadas a determinadas situações alheias
a sua vontade não estão em posse de seu livre-arbítrio no sentido exterior. As
pessoas que estão alienadas mentalmente ou pela ação de alguma substância
também são privadas do poder da escolha, mas essas são situações
circunstanciais e não imanentes à natureza humana. “Natureza humana” soa como
um sacrilégio aos ouvidos dos materialistas, mas qualquer forma de
espiritualidade acredita numa essência humana que tem como uma de suas
características fundamentais a capacidade de escolha.
Quando o ser
humano não se reconhece como dono de sua vontade e não acredita que pode romper
os seus condicionamentos, vícios e maus hábitos, ele renuncia a capacidade de
ser construtor de si mesmo e de seu destino e torna-se vítima das
circunstâncias, eliminando qualquer chance de romper sua situação de
dependência ou infelicidade. Constantemente temos visto pessoas que apesar de
sua situação desfavorável são capazes de superar todos os obstáculos que lhes
foram impostos, alguns nascem em famílias degeneradas, em péssimas condições
sociais e econômicas e, no entanto, tornam-se homens e mulheres de bem, o
contrário também acontece, pessoas que se tornam degeneradas apesar de terem todas
as oportunidades.
Confiemos em
nossa vontade e no poder de fazer boas escolhas para a construção de nosso
destino, essa qualidade nos torna mais humanos e plenos por assumirmos os rumos
de nossas vidas. Talvez a vontade seja uma dessas características que nos torna
imagem e semelhança do criador, pois foi pela simples ação de sua vontade que
ele determinou a nossa existência. Renunciar a própria vontade significa
renunciar a esse dom divino e, consequentemente, renunciar a nossa própria
espiritualidade.
Mesmo nas
situações mais adversas onde não parecemos ter escolha, a fé e a esperança são
a quintessência do poder da escolha. Representa a confiança de que em algum
momento nos será dado alguma escolha, ainda que limitada. Não devemos esquecer
que apesar de sermos dotados de vontade, as nossas escolhas são frequentemente
limitadas, por fatores externos ou internos a nós mesmos. Quantas vezes
queremos, mas não temos coragem suficiente para realizar algo? E quantas vezes
queremos, mas as circunstâncias nos impedem? Querer nem sempre é poder, porque
nossas escolhas interferem sobre a vida das outras pessoas, porque temos
bloqueios internos que nos impedem de agir e porque muitas vezes os fatores que
nos limitam são consequência de outras escolhas equivocadas que realizamos no
passado.
Sofremos as
consequências de nossos erros para aprender a disciplinar nossa vontade de
acordo com as leis divinas. A enfermidade frequentemente vem corrigir o excesso
cometido através dos vícios ou da alimentação, o criminoso é colocado no
cárcere para aprender a viver em sociedade respeitando a liberdade alheia,
aquele que sofre limitações financeiras está obrigado a disciplinar-se nos seus
gastos evitando o desperdício e a vaidade, cada limite que Deus nos impõe
fala-nos sobre como devemos reorientar nossas escolhas de acordo com as leis
divinas, sem obrigar-nos como robôs ou fantoches, somos levados a aprender sobre
o valor e a consequência das nossas escolhas.
Mesmo nas
situações mais difíceis nos é dado o dom de realizar nossas escolhas interiores
e de encarar a vida de maneira positiva ou negativa, de ter fé e esperança ou
de simplesmente desistir. Afinal, as escolhas mais importantes que realizamos
em nossas vidas são aquelas realizadas no âmbito dos nossos corações, sobretudo
quando decidimos acreditar em nos mesmos, nos outros e em uma força superior
que nos faculta o poder de decidir o que somos.
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